Intolerância alimentar e alergias


Um serviço para quem sofre com este sério problema.

Encontrado em: Ciência e saúde – Último Segundo

22/0606:27Carolina Garcia, do Último Segundo

SÃO PAULO – Nos últimos anos, o número de pessoas que sofre com algum tipo de intolerância alimentar vem crescendo pelo uso abusivo de conservantes e corantes em produtos industrializados. Um exemplo é o aumento de casos de pessoas com intolerância ao glúten, que já chega a um em cada 600 brasileiros, explica a nutricionista Gláucia Padovan.

O glúten é uma proteína que faz parte da composição de alguns cereais. Como por exemplo, o trigo, aveia, centeio, cevada e malte. A pessoa intolerante ao glúten possui a chamada Doença Celíaca. O organismo da pessoa interpreta a presença do glúten como um agressor e o próprio organismo cria anticorpos a fim de combater a proteína. O intestino do portador passa a ser diretamente atacado, diminuindo a absorção dos nutrientes – quadro que resultará em uma grave anemia, fadiga e irritabilidade.

“Geralmente a pessoa celíaca substitui o trigo por outros tipos de farinha, como a de milho, tapioca, fubá, arroz e soja. Existem novas farinhas no mercado, como a farinha de banana”, explica Gláucia.

A médica destaca que intolerância alimentar e alergia são diferentes. “Os sintomas não são específicos, podem confundir. Muitas vezes os médicos não têm a possibilidade de diagnosticar corretamente o quadro do paciente, pois os sintomas mascaram a doença”, diz Gláucia. Segundo ela, toda pessoa que possui sintomas gastrointestinais (estômago ou intestino) deve procurar ao mesmo tempo um gastroenterologista e um nutricionista para que o diagnóstico seja feito em “um trabalho em conjunto”, evitando conclusões precipitadas.

“A alergia é uma reação do sistema imune a um determinado agente, um alimento. Já a intolerância alimentar, que vem crescendo muito nos últimos anos, não envolve anticorpos, e, sim, a liberação de substâncias que acabam produzindo os mesmos sintomas da alergia alimentar”, explica a nutróloga Samantha Cristie Enade. Segundo ela, as substâncias que causam intolerância alimentar são corantes, conservantes e a ausência de certas enzimas que atuam na digestão de algumas proteínas. Como, por exemplo, a lactase, que está ausente na intolerância à lactose.

A lactose é o açúcar presente no leite animal ou laticínios. A pessoa intolerante ao leite não possui a enzima lactase, responsável pela digestão da lactose. Quando o açúcar presente no leite é mal absorvido, ele passa a ser fermentado pela flora intestinal, produzindo gases e ácidos, resultando na chamada diarréia osmótica – com grande perda intestinal e dos líquidos orgânicos.

Uma pessoa que possui alergia alimentar apresenta diversas reações aos alimentos. As mais comuns são dores de cabeça, dores abdominais, náuseas, vômitos, coceira na boca, diarréia e coceiras na pele. “Estes sintomas podem ocorrer cerca de 2 horas após a ingestão do alimento dependendo da quantidade ingerida e da sensibilidade de cada individuo”, diz a nutróloga. Já uma pessoa intolerante ao glúten ou à lactose – casos considerados mais comuns – apresenta geração de gases, cólicas, estufamentos, dores intestinais, mau hálito e diarréia. De acordo com a nutricionista, Dra. Rute Mercurio, nesse caso, a intolerância geralmente se manifesta na infância.

Sintomas “mascarados” dificultam diagnóstico

A dificuldade em diagnosticar a intolerância alimentar resulta na demora do tratamento. Este foi o caso de Carlos Eduardo Jacó, de 26 anos, e Paulina Lopes, 43, que procuraram médicos que não conseguiram fazer o diagnóstico de forma correta. Jacó descobriu ser intolerante ao glúten e à lactose há quatro meses. Segundo ele, há um ano começou a sentir fortes dores nos joelhos, que o impedia de fazer uma das atividades que mais gosta: dançar.

“Procurei três ortopedistas para descobrir os motivos das dores. Os três diagnosticaram que eu possuía condromaláfia – uma inflamação no joelho, que estava atacando toda a cartilagem”, ressaltou Jacó, afirmando que, durante as consultas com os ortopedistas, todos concluíram que ele deveria passar por uma cirurgia com urgência. “Fiquei apavorado. Deus me livre ter que parar de dançar”, contou Jacó, que já havia tomado remédios e fazia fisioterapia, mas as dores não melhoravam.

Conversando com uma amiga nutricionista, ela aconselhou o dançarino a ir ao consultório dela, onde fizeram um mapeamento alimentar em que foi colocado tudo que ele comia. “Foi muito simples. Descobrimos através desse mapeamento que o glúten e a lactose estavam causando as dores”. Com a descoberta, a nutricionista passou para Jacó um novo hábito alimentar, substituindo todos os alimentos que possuem as substâncias que lhe fazem mal. “Não precisava de nenhuma cirurgia. Era um problema com a alimentação. Mudar o meu hábito alimentar foi um pouco difícil, mas com força de vontade”.

Há quatro meses em tratamento, ele já sentiu diferença nas dores nos joelhos. “Após duas semanas de eliminação total do glúten, já senti diferença em meu joelho direito, o menos sensibilizado. E com dois meses de tratamento o joelho esquerdo dói bem menos, está melhorando. Não acreditava que a alimentação pudesse influenciar tanto assim”.

Sono, fadiga e cansaço

Já Paulina é intolerante ao glúten, à lactose e aos produtos industrializados. Durantes dois anos, sentia muito sono, fadiga e um cansaço, que para ela era “anormal”. Foi quando decidiu procurar um gastroenterologista, médico especializado no tratamento clínico de doenças do aparelho digestivo.

Um exame de sangue apontou que o número de enzimas digestivas estava alterado, indicando uma alta taxa de intoxicação alimentar. “O médico se espantou com a situação do meu fígado, que já apresentava um alto grau de degeneração. Fiquei muito assustada quando o médico disse que gostaria de realizar uma biópsia do meu fígado”.

Diante da situação, Paulina decidiu procurar uma nutricionista e foi alertada que seu fígado estava destruído ao ponto de não conseguir eliminar as impurezas que ela ingeria. “Se eu não mudasse a minha alimentação, naquele instante, morreria de cirrose hepática. Não tinha outro jeito, precisava mudar”, disse. “Sempre comia muita pizza, sorvetes, fast-food, bolachas recheadas, balas e chicletes. Além disso, não comia frutas. Não fazia idéia do mal que isso estava me causando”.

Na nutricionista, Paulina estava diante de um desafio. “Foi terrível, minha vida mudou completamente. Fui orientada a não comer nada industrializado e a evitar farinha de trigo. Açúcar em hipótese alguma”. Depois de três meses com a nova dieta – a base de carnes brancas, legumes e arroz integral – Paulina se considera outra pessoa. “Não tenho fadiga e emagreci 6 quilos de maneira saudável. Sinto-me muito mais leve e bonita. Não sinto falta dos antigos alimentos que comia”.

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17 pensamentos sobre “Intolerância alimentar e alergias

  1. Carlos Maciel disse:

    Penso que é a mesma situação da Stela. Aresposta:
    “É pouco provável que seja o arroz integral. É mais provável que o arroz que você tenha comprado ainda tenha resquícios dos venenos ou outros produtos químicos usados no plantio. Como ele não é polido, pode ter sido mal lavado ou descascado e algum dos elementos tóxicos tenha ficado nele.

    Experimente outro fornecedor e certifique-se de comprar sem cascas, além de lavar bem antes de cozinhar.”

    Mas se mesmo assim, o problema permanecer, então as chances são grandes de que você tenha alergia, mas consulte um médico.

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